Olhem Caíu uma Avioneta

OLHEM CAÍU A AVIONETA!...



A interjeição saiu tal qual como menciona o título em terras do Vale Medo, lado Oeste da Bufarda, mais propriamente do Casal Foz, Peniche, gritado em uníssono por um grupinho de trabalhadores, que o tio José Miguel trazia de jorna na hora do jantar (meio dia pelo sol hora do almoço nos centros urbanos).
Do pequeno grupo, que o tio tinha reunido orgulhosamente, por serem todos sobrinhos, de que também eu fazia parte. O objectivo era o de proceder à cava da sua vinha e pomar.
Estávamos em pleno mês Janeiro de 1958, o frio e o vento eram intensos, pelo que o jantar procedia-se no abrigo de uma caniceira a servir de protecção à vinha e árvores de fruto.


De repente ouviu-se o bimotor, que vinha a passar nos ares, o que era vulgar, já que se estava relativamente perto da base aérea da serra de Montejunto. Ao ouviu-se um estrondo, a reacção foi a de ver o que se passara afinal.
O aparelho estava despenhado, desfeita e espalhada a sua estrutura apenas a algumas dezenas de metros, no meio de uma enorme extensão plana, com culturas de trigo, que ainda estava pouco saído da superfície da terra.
Pensou-se no que teria acontecido ao ocupante ou ocupantes, por algumas horas não houve respostas, só a imaginação trabalhava.
Depois a verificação pesarosa da existência de um cadáver, no terreno. Era o da Nazaré, viúva do José Pão, que estava sozinha, na extensa planície a mondar trigo no terreno de um dos filhos. Naturalmente devido à intensidade do frio, não se avistava outra alma, sem dúvida a mulher estava no local errado à hora errada!... Coisas do destino, dizia muita gente que acorreu!...
Chegados perto da noite, soube-se que a avioneta trazia um só tripulante, este conseguira ejectar-se e munido de para quedas, caiu ileso num outro campo de trigo, também perto do mar a cerca de cinco quilómetros no Paimogo.
Os destroços da avioneta foram sendo encontrados por lavradores, a distâncias enormes, sendo recolhidas por estes, procurando empregá-los em proveito próprio.
Fica outro apontamento de vida não muito longa, porém muito vivida.


Daniel Costa





Comentários

É por coisas assim que não me apanham lá no ar.
Se cá por baixo caímos ...

Um abração.
Só vim espreitar para ver se a "Auster" ainda estava no ar eh!eh!eh!
BOTINHAS disse…
Amigo Daniel
A vida tem as suas contingências, e há profissões, como a de ginecologista, por exemplo, que deviam ser consideradas profissões de risco.
Imagina que a doente não abria as pernas... O que é que a legítima ia pensar (e fazer!!!).

Fica bem.

Abraço fraterno
Botinhas

PS - Amigo, tu tens uma experiência de vida como poucas! Daí que tenhas tanto para contar, e com tanto interesse.

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