MUNDO E VIDA

ENCONTRO EM LISBOA

Heitor estava na hora, a que chamava má, era meio da tarde e como sempre, começara a laborar cedo, sentara-se numa mesa da cervejaria Universo, mais com o intuito de relaxar um pouco do que propriamente tomar uma bebida. Para matar a sede, nada há como a água, que antes havia bebido no seu escritório.
Entrou um cavalheiro forte e alto, olhar tipo sereno ao mesmo tempo, como que irrequieto, dando uma mirada a todo o ambiente. Nisto pediu licença para se sentar na mesma mesa.
Encorajado a fazê-lo, logo encetou conversa, mostrando simpatia. O colóquio foi seguindo, ao fim e ao cabo estava a ser interessante.
A determinada altura, Heitor foi entendendo que estava a conversar com um perito em diamantes, essa pedraria que tanto agradava às senhoras.
Quantas cabeças coroadas, quantas princesas e concubinas terão sido seduzidas, com promessas e acenos que tinham o brilho desses pedaços arrancados, sabe Deus com que sacrifícios às entranhas da terra?
Quantas guerras os diamantes terão provocado e sustentado?
E o contrabando dessas, ditas preciosidades?
Meditando nisto, Heitor ia ouvindo deliciado Hassan, era esse o nome do novo e ocasional companheiro de conversa fluente agradável.
A certo ponto, falou da peritagem que constantemente, era chamado a fazer para uma tal empresa a funcionar, registada, como galeria de arte. Na verdade um dos seus grandes negócios era, entre outros, o contrabando dos diamantes.
Heitor conhecia a casa e sempre desconfiou que a arte era apenas um modo de camuflar outras actividadesilícitas mais rentáveis.
A conversa, por isso estava a ser aliciante, tanto mais que o ouvinte, além de saber ouvir, era observador e o tema aliciante, interessava-o muito.
Dizia Hassan:
- A determinada altura, o administrador da galeria pensou que já sabia tudo sobre as pedras e prescindiu dos serviços dum perito, em avaliação das ditas, eis que se apercebeu que estando a adquirir a bons preços. Estava a comprar diamantes sim, mas sem valor, isto porque os há que se desfazem como areia entre os dedos.
A sua ganância era tal que tinha deixado de desejar pagar as comissões devidas a um perito, tenho adquirido pedras sem outro valor que não fosse museológico.
Viu o erro em que caiu e quando foi necessário, recorreu a chamar-me de novo, passei a cobrar uma maior comissão. Estava a contactar um perito que não sabia apenas de diamantes, até então era um amigo. A partir da data em que tinham sido postos de parte os meus serviços, passei apenas a perito especializado.
Depois de um certo tempo, Heitor fez menção de se despedir, preparava-se para sair quando Hassan disse: o amigo tem sido companhia agradável, reparei no seu interesse por histórias de diamantes, pelo que proponho encontros aqui mais vezes.
Depois da proposta aceite com agrado, despediram-se.

Daniel Costa

8 comentários:


Ana Martins disse...

Caro Daniel,
parabéns pela coragem de dar vida a um novo blogue que lhe vai exigir mais trabalho e mais tempo dedicado aqui à blogosfera.
Que o sucesso seja gratificante e que em breve todos os seus amigos estejam aqui a visitar este seu novo espaço que me parece já bastante acolhedor e interessante.
Gostei muito do seu primeiro post.
Beijinhos,
Ana Martins

6 de Março de 2010 14:04

VANUZA PANTALEÃO disse...

Olá, meu querido!
Os diamantes aqui estão e mais brlhantes que eles são as luzes que brotam da tua rica imaginação. Tramas e personagens já se avizinham. Vou acompanhá-los com prazer.
Um deslumbrante final de semana, Daniel!!!Bjsss
7 de Março de 2010 03:18

Carmem disse...
Adorei!!
Bjusss

8 de Março de 2010 06:37

Mariazita disse...
Olá, Daniel
Parabéns pelo teu novo blog.
Está com um aspecto muito bonito.
A imagem do topo de página é lindíssima. Muito bem escolhida, muito bom gosto!
O texto...tem pernas para andar. Passarei a acompanhar, mas para já digo-te que achei um pouco esquisita a conversa "tão aberta" do Hassan com um desconhecido.
Estarei a ser desconfiada sem razão???
Vou esperar para ver.
Mais uma vez parabéns e beijinhos
Mariazita
8 de Março de 2010 09:38

VANUZA PANTALEÃO disse...
Realmente, amigo, a história não passa só pelos personagens, ela vai além e toca na ganância humana. Quanto sangue não se derramou por essas pedrinhas!
Vamos acompanhando de perto!!!Bjsss
8 de Março de 2010 11:23

poetaeusou . . . disse...

*Diamantes ?
cheira-me a Angola,
um abraço,
*12 de Março de 2010 07:07

xistosa - (josé torres) disse...

Também já fui um "perito" em diamantes ...
Há muitos anos, em Angola (1970), vendi muitos.
Eram aquelas pequenas "pedras", os anti-humidades da Cecrisinqa e da Calcio-cecrisina (vitamina C).
Vinha na tampa para evitar as humidades.
Há sempreq uem goste de pechinchas e eu não me fiz rogado.
Arranjei uma mão cheia daqueles "diamantes" ...
Para mim e para o meu sócio, foram mesmo diamantes.
Deram para mim e mais meia dúzia de "vendedores dos diamantes" andarmos quase um mês a comer de borla à custa dum "avarento-esperto".
Que tempos aqueles ...
Um bom fim de semana.
12 de Março de 2010 16:23

SAM disse...

Querido amigo,
antes de comentar sobre este interessantíssimo texto, parabenizo-o por mais um espaço aberto aos seus leitores. É sempre uma felicidade um blog, como o seu, que tem muito a dizer.
De início a história prende e ficamos ansiosos pela sequência. E muito mais que uma narrativa, a certeza que temos é que esta história tem muito a dizer no que concerne a reflexão. E das melhores!

Carinhoso beijo e ótimo fim de semana, Daniel!

12 de Março de 2010 20:10




Comentários

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